Crônica radiofônica - Antônio Mendonça - Rádio Eldorado

A menina saltando na calçada, chamando a atenção: suja, malvestida, descalça, ela corre de um lado para outro, brinca, se diverte como se a vida fosse só isso, sua roupa, sua sujeira não existisse, ou fosse (....?) da felicidade. Seus irmãos, primos ou amigos, pedem esmolas com o trânsito parado. Correm para a rua cada vez que o sinal fecha. Se colocam na frente dos carros, com limões e laranjas ou pedaços de pau e iniciam malabarismos mambembes com pouco sucesso, que os obriga a abaixarem constantemente, para recuperar omalabarismos objeto de trabalho. Depois, com caras de anjos, se aproximam das janelas com a mudança de expressão quando não recebem a esmola pedida. Enquanto isso a menina cntinua pulando, correndo e brincando, a calçada é o jardim encantado onde a vida pega leve, e é possível brincar, em vez de pedir esmolas feito seus companheiros. Um deles maior vê a menina brincando. Se irrita ao chegar perto dela e dá-lhe um tapa na cabeça. A menina corre dele, chora, protege a cabeça com os braços finos, procura mostrar indiferença, continuando a saltar na calçada. Toma outro tapa e outro. Ninguém sai de dentro dos automóveis, ninguém a socorre. Os outros meninos continuam esmolando indiferentes. A menina para de brincar. Vai pra rua, se aproxima da janela do carro, o motorista vira a cara. No carro serguinte, o motorista faz que não com a mão. O outro sou eu. O que fazer? Dar esmola ou não? Dar é incentivar a menina a continuar na rua. Não dar é uma judiação. A resçposta é sua.
Antônio Penteado Mendonça, para a Rede Eldorado.

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