Literatura nos jornais -

Houve um tempo no Brasil em que a literatura e jornalismo se confundiam nas páginas dos jornais e os escritores dominavam a cena. Críticos e críticas se transformaram ao longo dos anos, regras e códigos se estabelecem e, hojel, os jornalistas estão à frente dos suplementos culturais. O livro Literatura nos jornais - A crítica literária dos rodapés às resenhas (96 pp., R$Summus Editorial) conta detalnes dessa história. Por meio de análise da produção atual, passando pelos ancestrais das resenhas e pelo estudo dos principais suplementos do país, a jornalista Cláudia Nina reúme as características que identifiam uma resenha e aponta o que é preciso para compor um boa cr´´itica.
Professora e crítica literária, Cláudia identificou a necessidade de escrever sobre o assunto na sala de aula, pois a bibliografia sobre o tema é quase inexistente. "De fato, a quixa dos estudantes de comunicação é uma angústia compartilhada por alunos de diversos cursos. Resenha é um bicho-de-sete-cabeças que poucos aprendem a enfrentar. Isso vale não apenas para alunos; muitos professores também não têm esse conhecimento e ficam sem condições de ensinar", afirma.
Fazer uma resenha, explica a autora, é uma tarefa qaue inclui desde a interpretação da obra em questão até a capacidade de resumir idéias e concatená-las, organizando as palavras de forma atraente. "Trata-se de um exercício que enriquecce a bagagem intelectual de qualquer profissional, seja lá de que área for.Escrever um texto e começar a praticar, mesmo que esse não seja u=para publicação, vale a pena", prossegue Cláudia.
Na primeira parte do livro, a autora debagte as relações históricas entre jornalismo e literatura - duas áreas do saber que sempre estiveram inteligadas. Ela tamb´me inclui uma breve análise sobre os antigos rodapés (os ancestrais da resenha) e a divisãoda crítica na atualidade, que se reparte basicamente emcríticos-jornalistas e críticos acadêmicos, não exluindo os críticos -escritores.
Na parte prática da obra, Cláudia mostra os bastidores de produção e montagem de um caderno literário e revela alguns dos passosfundamenrais para a produção de um texto crítico, que começa sempre com com a leitura bem- feita da obra a ser trabalhada. "Criticar um livro nunca é flar apenas de um livro, pois toda obra está em conexão com outras tantas", lembra.
Segundo a autora, aprender a dispor as idéias no papel com precisãoe clareza é necessidade de todos num mundo em que os e-mailsficeeram da expressão escrita uma espécie de cartão de visitas, espelhando indisfarçáveis fragilidades verbais.
"As resenhas podem auxiliar, e muito, neste processo. Que este livro não seja um manual, enfadonho por natureza, mas um curso, um seminário ou uma conversa, que são coisas muito mais sedutoras", conclui Cláudia.
Na parte final, a autora reproduz trechos e comenta os mais importantes espaços de cr´tica em jornais e revistas. E indica ao estudante o hábito de leitura desses suplementos, para enriquecer o conhecimento sobre os diversos tipos de textos.
A autora:
Cláudia Nina é crítica literária, jornalista e professora de Teoria Literária. Ex editora do caderno Ideias & Livros, do Jronal do Brasil, escreve para a revista Entrelivros e para o caderno Prosa & Verso, do jornal O Globo. É doutora em Letras pela Universidade de Utrecht, na Holanda, onde defendeu a tese Exilic/nomadic itinieraries in Clarice Lispector's works, que, no Brasil, foi publicada com o título de A palavra usurpada: exílio e nomadismo na obra de Clarice Lispector, pela EDIPUCRS.
Na PUC - Rio, na disciplina Jornalismo Literário, ministrou o curso "Suplementos literários: como escrever e editá-los", que foi a base do livro. Foi também editora de arte do site Traça On-line, de crítica literária, montado com base no livro de edição dos suplementos. Em 3003, ganhou a bolsa Prodoc da Capes com um projeto intitulado Crítica na PUC-Rio sobre as narrativas da contemporaneidade. Cláudia nasceu no Rio de Janeiro, onde mora.

Resenha - Livro "Literatura nos jornais"- Paula Barcelos - RASCUNHO

RESENHA 1
Já nas primeiras páginas a autora deixa claro a que veio sua publicação: "que este livro não seja um manual enfadonho por natureza, mas um cursom um seminário, ou uma conversa, que são coisas muito mais sedutoras". A sedução (ou a tentativa) em questão é o novo livro da jornalista e doutora em Letras pela Universidade de Utrecht, Holanda, Cláudia Nina. Em Literatura nos jornais, a ex-editora do caderno e Idéias e livros, do Jornal do Brasil, explora de maneira didática a fronteira entre os universos jornalísticos e literário. Desde os folhetins de Machado de Assis a suplementos contemporâneos como o Mais, (hoje Ilustríssima -observação minha), da Folha de S. Paulo e o Prosa & verso de O Globo - acrescento Caderno 2, de O Estado de S. Paulo - , nada passa despercebido (o que não descarta uma certa superficialidade).
Depois de um semestre, como professora de Comunicação na PUC -Rio, Cláudia Nina chegou a uma conclusã: para a maioria dos alunos, a "resenha é um bicho de see cabeças". Curso terminado, a inquietação da jornalista permanceu. A escassez de uma bibliografia básica sobre cr´tica literária na imprensa impulsionou sua bolsa de pós-doutorado no Departamento de Letras da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Literatura nos jornais é justamente fruto de tal trabalho de pesquisa. Mais uma dica, portanto: o público alvo são estudantes de Letras, Jornalismo ou curiosos de plantão. Paa os já iniciados à crítica na imprensa e, consequentemente, à sua história, a obra de Cláudia Nina deixa a desejar. Em especial, se compararmos a outras publicações brasileiras relacionadas ao tema, como Sobre a crítica literária brasileira no último meio século da Professora da USP, Leda Tenório da Mota, em O livro no jornal, da jornalista Isabel Travancas.
Dividido em três capítulos - Jornalismo e literatura, A resenha e Breve retrato dos cadernos literários -, o livro de Cláudia Nina tem como marca o tom professoral. A partir de perguntas retóricas, a jornalista desdobra os caminhos da crítica. Nascida no século 19, junto à imprensa, o uso de trocadilhos e o excesso verbal, como pontua a auora, caracterizavam as reflexões literárias desse período. Soma-se ainda a tradicional e ainda representativa ação entre amigos e inimigos (elogiar a obra do colega e destruir a de um desafeto. Sinal de imaturidade, de acordo co a jornalista. Feflexo do marasmo da crítica e de certa hipocrisia que paira na vida literária? Também não há dúvidas.
Em um pulo no tempo, Cláudia vança para a crítica de rodapé do século 20. Época do surgimento da faculdade de Letras no Brasil e da famosa briga intelectual entre Álvaro Lins e Afrânio Coutinho. No fim dos anos 40, como nos conta a autora, o impressionismo crítico (aplicado por Lins nos rodapés) passou a ser combatido por Coutinho, recém-chegado dos Estados Unidos, no suplemento literário do Diário de Notícias. Foi nesse momento, em especial, que a birra entre a crítica produzida pela academia e pelos j0rnais se acirrou. "Enquanto nas universidades os professores elaboram e especializam cada vez mais os discursos, nos meios de comunicação simplifica-se a loinguagem escrira a gosto do jornalismo moderno".
Se apontar elementos negativos em uma obra não é apenas importante como inevitável, conforme afirmação da própria autora, chegou a hora de apontá-los. Da análise da crítica impressionista da primeira metade do século 20, a obra de Cláudia Nina salta para o tópico A crítica de hoje e suas querelas. Apresenta, portanto, uma lacuna significativa no que diz respeito aos anos 50 e 60. Décadas, por sinal, que atiçaram os fervores literários. Época do nascimento do concretismo, da circulação das revistas das revistas Clima e Noigrandes, do auge do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e, em especial, da página Poesia-Experiência, de Mário Faustino. Conhecido como o anjo e o diabo dos poetas, Faustino revolucionou a cr´tica, tanto na forma quanto no conteúdo. Mesmo assim, ficou de fora do Literatura nos Jornais. Recuperar a partipação de Faustino na história literária brasileira é um trabalho imprescindível para os próximos estudos de crítica que certamente virão.
Por ter um pé na academia e outro em redação de jornal, com maestria, nos últimos dois capítulos, Cláudia Nina expõe com naturalidade os bastidores de um suplemento literário. Desde a escolha dos livros a serem resenhados (assume que o gosto pessoal do editor influencia) à cobrança do mercado editorial, tudo é esmiuçado pela autora. Aqueles que pretendem trabalhar em suplementos ou mesmo aos escritores que nunca entendem bem os critérios editoriais de um caderno literário, a reta final do livro é, de fato, uma aula. Aos iniciantes, em particular, as quese 15 páginas de bibliografia enriquecem muito a leitura.
É como acentua a jornalista:"Na verdade, amarrar conclusões quando se trata de fazer uma resenha é limitar a compreensão de um livro. Esta lição de crítica jamais pode ser esquecida: ninguém é juiz de nada." Ou nas palavras de Pound, basta de comentar a coisa, olhemos para ela, é o melhor a se fazer.

RESENHA 2

LITERATURA NOS JORNAIS
Houe um tempo no Brasil em que literatura e jornalismo se confundiam nas páginas dos jornais e os escritores dominavam a cena. Críticos e críticas se transformaram ao longo dos anos, regras e códigos se estebeleceram e, hoje, os jornalistas estão à frente dos suplementos culturais. O livro eratura nos jornais - A crítica literária dos rodapés às resenhas (96 pp.R$24,90, Summus Editorial) conta detalhes dessa hisória.

Resenha - Literatura nos jornais

Jornalismo opinativo

Para Melo:
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8 Caricatura - Charge
1. EDITORIAL: "ênero jornalístico que expressa a opinião oficial da empresa diante dos fatos de maior repercussão no momento. Todavia, a sua natureza de porta-voz da instituição jornal´stica precisa ser melhor compreendida e delimitada.
Reflete não exatamente a opinião dos seus proprietários, mas o consenso das opiniões que emanam dos diferentes núcleos que participam da propriedade da organização. Além dos acionistas majoritários, há financiadores que subsidiam a operação as empresas, existem anunciantes que carreiam recursos regularesw para os cofres da organização através da compra de espaço, além de braços do aparelho burocrático do Estado que exerce grnde influência sobre o processo jornalístico pelos controles que exerce no âmbito fiscal, previdenciário, financeiro."
epaço de contradições - teia de articulações políticas - exercício de equilíbrio semântico.
Características: clareza, necessidade de apreensão dos fatos nos seus desdobramentos, condensalidade (pouco termpo para leitor).