Resenha - Livro "Literatura nos jornais"- Paula Barcelos - RASCUNHO

RESENHA 1
Já nas primeiras páginas a autora deixa claro a que veio sua publicação: "que este livro não seja um manual enfadonho por natureza, mas um cursom um seminário, ou uma conversa, que são coisas muito mais sedutoras". A sedução (ou a tentativa) em questão é o novo livro da jornalista e doutora em Letras pela Universidade de Utrecht, Holanda, Cláudia Nina. Em Literatura nos jornais, a ex-editora do caderno e Idéias e livros, do Jornal do Brasil, explora de maneira didática a fronteira entre os universos jornalísticos e literário. Desde os folhetins de Machado de Assis a suplementos contemporâneos como o Mais, (hoje Ilustríssima -observação minha), da Folha de S. Paulo e o Prosa & verso de O Globo - acrescento Caderno 2, de O Estado de S. Paulo - , nada passa despercebido (o que não descarta uma certa superficialidade).
Depois de um semestre, como professora de Comunicação na PUC -Rio, Cláudia Nina chegou a uma conclusã: para a maioria dos alunos, a "resenha é um bicho de see cabeças". Curso terminado, a inquietação da jornalista permanceu. A escassez de uma bibliografia básica sobre cr´tica literária na imprensa impulsionou sua bolsa de pós-doutorado no Departamento de Letras da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Literatura nos jornais é justamente fruto de tal trabalho de pesquisa. Mais uma dica, portanto: o público alvo são estudantes de Letras, Jornalismo ou curiosos de plantão. Paa os já iniciados à crítica na imprensa e, consequentemente, à sua história, a obra de Cláudia Nina deixa a desejar. Em especial, se compararmos a outras publicações brasileiras relacionadas ao tema, como Sobre a crítica literária brasileira no último meio século da Professora da USP, Leda Tenório da Mota, em O livro no jornal, da jornalista Isabel Travancas.
Dividido em três capítulos - Jornalismo e literatura, A resenha e Breve retrato dos cadernos literários -, o livro de Cláudia Nina tem como marca o tom professoral. A partir de perguntas retóricas, a jornalista desdobra os caminhos da crítica. Nascida no século 19, junto à imprensa, o uso de trocadilhos e o excesso verbal, como pontua a auora, caracterizavam as reflexões literárias desse período. Soma-se ainda a tradicional e ainda representativa ação entre amigos e inimigos (elogiar a obra do colega e destruir a de um desafeto. Sinal de imaturidade, de acordo co a jornalista. Feflexo do marasmo da crítica e de certa hipocrisia que paira na vida literária? Também não há dúvidas.
Em um pulo no tempo, Cláudia vança para a crítica de rodapé do século 20. Época do surgimento da faculdade de Letras no Brasil e da famosa briga intelectual entre Álvaro Lins e Afrânio Coutinho. No fim dos anos 40, como nos conta a autora, o impressionismo crítico (aplicado por Lins nos rodapés) passou a ser combatido por Coutinho, recém-chegado dos Estados Unidos, no suplemento literário do Diário de Notícias. Foi nesse momento, em especial, que a birra entre a crítica produzida pela academia e pelos j0rnais se acirrou. "Enquanto nas universidades os professores elaboram e especializam cada vez mais os discursos, nos meios de comunicação simplifica-se a loinguagem escrira a gosto do jornalismo moderno".
Se apontar elementos negativos em uma obra não é apenas importante como inevitável, conforme afirmação da própria autora, chegou a hora de apontá-los. Da análise da crítica impressionista da primeira metade do século 20, a obra de Cláudia Nina salta para o tópico A crítica de hoje e suas querelas. Apresenta, portanto, uma lacuna significativa no que diz respeito aos anos 50 e 60. Décadas, por sinal, que atiçaram os fervores literários. Época do nascimento do concretismo, da circulação das revistas das revistas Clima e Noigrandes, do auge do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e, em especial, da página Poesia-Experiência, de Mário Faustino. Conhecido como o anjo e o diabo dos poetas, Faustino revolucionou a cr´tica, tanto na forma quanto no conteúdo. Mesmo assim, ficou de fora do Literatura nos Jornais. Recuperar a partipação de Faustino na história literária brasileira é um trabalho imprescindível para os próximos estudos de crítica que certamente virão.
Por ter um pé na academia e outro em redação de jornal, com maestria, nos últimos dois capítulos, Cláudia Nina expõe com naturalidade os bastidores de um suplemento literário. Desde a escolha dos livros a serem resenhados (assume que o gosto pessoal do editor influencia) à cobrança do mercado editorial, tudo é esmiuçado pela autora. Aqueles que pretendem trabalhar em suplementos ou mesmo aos escritores que nunca entendem bem os critérios editoriais de um caderno literário, a reta final do livro é, de fato, uma aula. Aos iniciantes, em particular, as quese 15 páginas de bibliografia enriquecem muito a leitura.
É como acentua a jornalista:"Na verdade, amarrar conclusões quando se trata de fazer uma resenha é limitar a compreensão de um livro. Esta lição de crítica jamais pode ser esquecida: ninguém é juiz de nada." Ou nas palavras de Pound, basta de comentar a coisa, olhemos para ela, é o melhor a se fazer.

RESENHA 2

LITERATURA NOS JORNAIS
Houe um tempo no Brasil em que literatura e jornalismo se confundiam nas páginas dos jornais e os escritores dominavam a cena. Críticos e críticas se transformaram ao longo dos anos, regras e códigos se estebeleceram e, hoje, os jornalistas estão à frente dos suplementos culturais. O livro eratura nos jornais - A crítica literária dos rodapés às resenhas (96 pp.R$24,90, Summus Editorial) conta detalhes dessa hisória.

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